Licença Creative Commons
Armagedon - Um Mundo em Caos / Final Odyssey de Fernando Athayde dos Santos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://ummundoemcaos.blogspot.com.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Um Mundo em Caos - 04

Após saírem da casa e atravessarem a multidão de mortos-vivos que se acumularam na rua e nos arredores, Miguel consegue sair da cidade e agora dirige pela interestadual BR 116. A cada metro que eles percorrem precisam desviar de algum carro incendiado, capotado ou que foi abandonado em um momento de desespero. Sem falar também nas dezenas de carros acidentados com seus ocupantes ainda dentro, só que agora transformados em amontoados de ossos. Miguel desvia de um carro e um zumbi surge bem ao lado do carro, ele olha para o zumbi e este possui a metade do crânio destroçado com metade de seu cérebro exposto. Miguel então percebe uma coisa que até então eles ainda não tinham se dado conta, o cérebro da criatura está intacto. Enquanto o restante do corpo está apodrecendo a cada segundo que passa, o cérebro continua em perfeitas condições. Ele então olha para Raguel e ela parece estar com seus pensamentos bem distantes dali, e para não incomodá-la com teorias escabrosas ele pensa em outra maneira de acordá-la de seus pensamentos. Uma coisa que no momento o está causando certo desconforto:
— Tem alguma coisa salgada para comermos? Meu estômago está roncando.
— Tem salgadinho lá atrás. — responde. — Vou pegar. — Raguel se esgueira por entre os bancos e chega ao porta-malas, procura em algumas sacolas e encontra um pacote de Fandangos sabor presunto. — Achei um Fandangos, pode ser?
— Claro. — responde. — Com a minha fome comeria um boi.
Raguel pula para o banco de trás e alcança o pacote de salgadinhos para Miguel e diz: — Vou ficar aqui atrás brincando com o filhote.  — Ela pega o filhote no colo e fica fazendo carinho nele.
— Você não está com fome? — pergunta Miguel.
— Não. Enquanto eu estava arrumando as coisas nas malas achei uns pacotes de bolacha e devorei todos.
— Hummm... então terei que comer este pacote de salgadinhos sozinho.
— Como se fosse muito difícil. — fala Raguel sorrindo. — Ainda mais sendo de presunto.
— É verdade, não é nem um pouco. — responde Miguel abrindo o pacote de salgadinhos.
Após alguns minutos rodando eles chegam à divisa do bairro São Luís com o bairro Mathias Velho e Miguel é obrigado a parar, pois o caminho está bloqueado por veículos virados na pista. A divisa dos dois bairros é simbolizada por um viaduto que atravessa a Avenida Getúlio Vargas, BR 116, a linha do trem e do outro lado a Avenida Guilherme Schell. Esse viaduto possui acessos e saídas para as duas avenidas e também para a BR 116 no sentido Canoas, Porto Alegre. Nesses acessos e saídas há vários carros abandonados e acidentados inviabilizando a passagem de qualquer veículo. A única passagem para continuar seguindo para canoas seria atravessar para a outra pista da BR 116 e continuar desviando dos carros. Mas para isso seria necessário quebrar a mureta de concreto que divide as duas pistas, algo impensável para ser feito mesmo com ferramentas. Pois o barulho atrairia a atenção de qualquer morto-vivo nas proximidades, além de outras criaturas ou animais que por ventura estejam no raio de alcance do som que seria produzido. Fora o tempo que seria necessário para isso. Sem esquecer também que há vários zumbis perambulando pela auto-estrada e ficar exposto a ataques é querer contar demais com sorte de não ser mordido e automaticamente infectado.
E como a estrada está bloqueada por um tanque de guerra e vários carros virados ao longo da pista, Miguel decide sair do carro e tentar achar uma alternativa.
— É perigoso você sair. — fala Raguel pulando para o banco do carona. — Já contei 13 zumbis próximos a nós.
— Eu preciso encontrar uma alternativa, não podemos ficar parados aqui esperando uma providência divina.
— Eu vou com você então. — Raguel pega o seu bastão no chão do carro e abre a porta.
Miguel também sai do carro e fecha a porta logo em seguida. ­— Eu vou procurar do outro lado um carro que esteja funcionando. — Fica perto de mim dando cobertura. Porque vou estar preocupado com outra coisa e posso não perceber a aproximação de alguma criatura.
— Pode ficar tranqüilo que não vou sair de perto de você.
Eles pulam a mureta de proteção e passam a olhar os carros que estão abandonados e em boas condições. Após olharem vários carros, tentar fazer funcionar, Miguel se apóia na porta de uma BMW 320i de cor branca e diz:
— Tá complicado. Não consegui achar um que ainda esteja com um pouco de carga na bateria.
Nisso um zumbi aparece rastejando por debaixo do carro e Raguel grita: ­— Cuidado! — Miguel pula para frente e ela esmaga a cabeça do zumbi batendo com o bastão. — Mais um para a minha coleção.
— Quer me matar de susto? — fala Miguel. — Quase fiquei sem saber o que fazer.
— Mas fez certo, isso é que importa agora.
Então olhando para frente ele avista uma Ford Edge preta, com sua grande grade frontal com três laminas horizontais cromadas deixando transparecer uma cara de má, abandonada e aparentemente perfeita. Ele olha para Raguel e diz para ela acompanhar ele. Os dois se aproximam do carro e ele puxa a maçaneta da porta e ela abre. — Opa. — diz ele. — Uau, como é linda. Tem até teto-solar panorâmico. — ele senta no banco do motorista e avista a chave ainda na ignição. — Esse crossover vai ter que funcionar. — ele gira a chave e o motor liga, mostrando todo o ronco das suas vinte e quatro válvulas. — Esse motor V6 vai ser a nossa salvação. — ele olha então para Raguel e diz: — Entra aí, vou levar ele mais para perto da Marea.
Ele manobra o crossover e o deixa o mais próximo possível de onde deixou o outro carro. Mas ainda precisam percorrer uma distância de trinta metros para chegarem ao outro carro. Ele mexe no painel do carro e aperta o botão de abertura da tampa do porta-malas, esta se abre e eles descem do carro e retiram tudo que há dentro jogando no chão.
— Agora vamos trazer tudo que tem lá para cá. — fala Miguel caminhando a passos rápidos.
Raguel o segue e eles começam a trazer as coisas que estavam no porta-malas da Marea para o Edge. Nisso, o filhote pula do carro e começa a latir em frente a três zumbis que saíram de trás de um carro que está parado ao lado da Marea. Raguel volta correndo e grita para Miguel: — Socorro! Eles vão matar o nosso filhote!
Miguel vira-se para ela e volta correndo também. Então um dos zumbis agarra o filhote com suas mãos frias e pútridas e Raguel solta um grito de desespero que faz vários outros zumbis se virarem para a direção que eles estão. O zumbi então leva o filhote em direção a boca escancarando seus dentes podres quando é atingido por um tiro na cabeça e cai no chão soltando o filhote. Raguel sai correndo em direção aos zumbis e golpeia um deles com o bastão, mas acerta o braço quebrando os ossos e o zumbi parece nem se importar em ter seus ossos moídos, a única coisa que ele deseja agora é devorar a carne dela. Então mais dois tiros são ouvidos com um pequeno intervalo entre eles e os dois zumbis caem no chão com seus cérebros destroçados. Raguel pega o filhote no colo e Miguel fica olhando para os lados para ver se encontra quem atirou nos zumbi, então um grito vindo do alto do viaduto faz os dois olharem para cima e verem um homem grisalho usando roupa de kevlar preto segurando um rifle: — Levem suas coisas para o outro carro que eu dou cobertura para vocês!
Os dois carregam as coisas que faltavam para o Ford Edge e o homem dá cobertura para eles atirando nos zumbis que tentam se aproximar. Após Carregarem tudo entram no carro e Miguel o liga e já segue em frente. Então o homem que os ajudou aparece ao lado do crossover pilotando uma Twister e grita: Me sigam!
Miguel faz sinal de positivo com o dedo polegar erguido e segue o homem. Eles rodam um pouco e chegam a um posto de gasolina. O homem pára a moto e Miguel faz o mesmo com o carro. O homem caminha até o crossover e Miguel abre a porta descendo do carro.
— Muito obrigado por ter nos ajudado. — fala Miguel.
— Não precisa agradecer. É em momentos assim que precisamos nos unir. A propósito, — fala esticando a mão para Miguel. — me chamo Francisco Castelo e você?
— Miguel. — responde apertando a mão do homem.
Raguel desce do carro e diz: — Eu me chamo Raguel. Prazer.
Francisco acena com a cabeça para ela e diz:
— Foi sorte eu ter encontrado vocês, estava vindo para buscar gasolina. Só avistei vocês porque ouvi os gritos e agi rápido.
— Foi muita sorte a nossa. — fala Raguel sorrindo.
— E como está o cãozinho? — pergunta ele.
— Bem, graças a você. — responde. — Muito obrigada.
— Só fiz aquilo que vocês fariam por mim. Mas para onde vocês estão indo? — pergunta Francisco mexendo nas bombas de combustível.
— Estou indo procurar dois amigos meus que moram aqui em Canoas. — responde Miguel indo abrir a tampa do combustível. — Depois não sei.
— Tem se comunicado com eles?
— Não, — responde já enchendo o tanque do carro. — desde que as transmissões cessaram que não tenho nenhuma notícia deles. Mas tenho certeza que estão bem.
— É isso aí. Nunca perder a fé. — sorri o homem.
Miguel termina de encher o tanque e fecha a tampa do combustível. — Seria bom se tivesse tonéis ou garrafas para levar combustível extra.
— Lá na loja de conveniência tem bastante garrafas. Coca-cola de três litros aos montes. — fala Francisco.
Miguel agradece e vai junto com Raguel buscá-las. Eles entram na loja de conveniência e se deparam com muitas bebidas, desde refrigerantes a whiskys. E também bolachas, salgadinhos, balas, biscoitos entre outras guloseimas. Francisco os segue e diz para levarem o que puderem, porque dependendo do lugar que estiverem podem não haver provisões. Os dois concordam e passam a levar de tudo para o carro. Então passam a esvaziar as garrafas de três litros e as encher com gasolina. Eles vão até o depósito e esvaziam exatas trinta garrafas e Francisco as enche para eles e as acomoda no porta-malas do carro de forma a não se misturarem com o restante das coisas. Ele pega um papelão e coloca entre as garrafas e os alimentos e roupas.
— Tá cheinho esse porta-malas, hein? — fala Francisco.
— Vai durar um bom tempo. — responde Miguel.
— Uma dica para vocês, — segue Francisco. — não é porque estão com o porta-malas cheio de alimentos que vocês devem desperdiçar. Comam apenas quando estiverem realmente com fome e não apenas para matar um desejo. Nada dura para sempre.
Raguel olha para Miguel e então responde para Francisco: — Eu sei. Ia conversar isso com Miguel depois. Ele adora viver comendo.
— Racionem. Vocês vão precisar depois e poderão não ter num momento de verdadeira necessidade.
Concorda Miguel ainda salientando que não apenas a comida deve ser economizada, mas também o que pegaram de bebida e água. Porque encontrar água limpa e potável vai ser uma das coisas mais difíceis mais a frente. Francisco então caminha até sua moto e diz:
— Já vim fazer o que eu queria. — mostrando as garrafas de gasolina amarradas ao banco da moto. — E agora vou voltar para a minha cidade.
— Para onde você está indo? — pergunta Miguel.
— Morretes. — responde subindo na moto. — Tenho um pequeno sitio por lá bem protegido. Se um dia quiserem aparecer estão convidados.
— Obrigado. — agradece Miguel. — Dependendo do que acontecer daqui para frente podemos aparecer sim.
— Isso aí, não se façam de rogados em pedir ajuda. Já considero vocês amigos e contarei a minha família do casal que encontrei nas minhas andanças. Então Miguel, cuide bem da sua namorada, a proteja de qualquer coisa. Ela parece ser uma pessoa muito boa. Minha filha iria adorar ela. Vocês parecem ser quase da mesma idade, minha filha tem dezessete anos e você?
— Eu tenho dezoito. — responde Raguel.
— Viu, quase da mesma idade. — Francisco liga a moto e como despedida diz: — Vejo vocês em breve no meu sitio. Tchau! — acelera sua moto indo embora pela BR 116.
— Cara gente fina. — elogia Miguel. — Vamos embora?
— Vamos. — responde Raguel caminhando em direção ao carro. — Ele achou que fossemos um casal. Será que parecemos um?
— Talvez pela nossa amizade e proximidade que adquirimos desde que nos conhecemos ele pensou isso. — responde Miguel entrando no carro.
— Pode ser. — fala Raguel sorrindo e olhando pela janela enquanto o posto vai ficando para trás pelo retrovisor.

2 comentários:

  1. Nossa, eles deviam se juntar ao Francisco poha, vai dar merda...

    ResponderExcluir
  2. Cara, gostei tanto do Francisco que ele vai aparecer em breve. Entrada triunfal. Bem ao estilo do personagem que me inspirei para criá-lo, "Frank Castle", daí o Francisco Castelo.

    O Miguel segue a vertente dos nomes de personagens da Marvel, Peter Parker (PP), Reed Richards (RR), Bruce Banner (BB), Bucky Barnes (BB), Scott Summers (SS), Matt Murdock (MM), que conegue esse feito até no seu alter-ego heróico, "DD", Daredevil, Amazing isso!!!

    Sou um grande fã dos quadrinhos de heróis.

    ResponderExcluir