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Armagedon - Um Mundo em Caos / Final Odyssey de Fernando Athayde dos Santos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Informações

E no capítulo 34 algumas explicações superficiais sobre alguns dos personagens principais foram reveladas e acredito que quem está acompanhando já tinha se ligado em quem eles eram realmente, certo? Agora na sequência virá um combate muito insano contra o demônio que aparece no capítulo 34. Por isso o capítulo 35 está sendo completamente reescrito. Não ficou da forma que eu gostaria e por isso deletei todo ele e comecei do zero. E agora pretendo deixar do jeito que eu gosto. Por isso é provável que eu demore uns 20 dias para postá-lo aqui.

Não sei como será o capítulo 36, aliás, não faço a menor idéia do que acontecerá nele, é novidade até para eu mesmo. Pois não sei como será o desfecho do 35, apenas deixarei fluir na minha cabeça e os meus dedos farão a parte de apenas digitar o que for surgindo. Essa tem sido a melhor forma de escrever, pois ficar esquentando a cabeça e esquematizando o que vai acontecer é um saco. Tenho preferido me surpreender comigo mesmo. Só posso adiantar que um dos personagens principais vai morrer, não sei se no capítulo 40 - quando encerra essa primeira parte - ou em algum capítulo anterior. O fato é que isso já estava programado desde o começo, eu só não sabia ao certo em que ponto isso iria ocorrer. Ainda não estou certo de qual capítulo, mas essa morte irá fazer os personagens mudarem muito seu modus operandi e a forma de pensarem.

E eras isso!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Um Mundo Em Caos - Capítulo 34

A poeira não chega a baixar e Miguel, Jennifer e Raguel adentram o corredor pelo buraco aberto com a explosão da granada. Ao olharem a esquerda, se deparam com Camael e Surya, dois estranhos para eles. Miguel os encara e então se vira na direção dos dois.

— Quem são vocês? — pergunta rispidamente.

Surya sai de trás de Camael e então responde:

— Nós estávamos fazendo uma visita para um parente nosso quando faltou luz.

Miguel dá uma rápida olhada ao redor e vê os corpos dos zumbis destroçados pelo chão e sangue por todos os lados.

— E quem fez isso com eles? — pergunta olhando para Camael, pois suas roupas e mãos estão nitidamente sujas de sangue.

— Fui eu! — responde Camael. — Eu não podia deixar essas criaturas machucarem a minha namorada!

E Surya olha para ele com um ar bastante desconfortável com o que acabou de ser dito.

Jennifer observa a expressão de Surya e se aproxima do ouvido de Miguel e o alerta:

— Ele está mentindo.

— Como você sabe? — pergunta Miguel sussurrando.

— Quando ele terminou de falar que a protegeu e a chamou de namorada, ela olhou para ele com ar de reprovação. — responde. — Isso quer dizer que nem namorados eles são. Podem ser ladrõezinhos ou mesmo pessoas querendo se defender. O que você vai fazer?

Até hoje, eles nunca haviam visto anjos, as únicas criaturas não-humanas foram os dois demônios e os zumbis. Então, certamente Jennifer deve estar pensando que são humanos. Não apenas ela é claro, mas o trio em si.

Miguel dá um passo à frente e diz:

— Vocês podem até enganar os outros, mas eu tenho pessoas ao meu lado que lidam com gente da sua laia há muito tempo. Falem a verdade! — esbraveja.

Surya olha para Camael e questiona:

— Será que eles já sabem o que somos?

— Não. — responde, e vira-se para Miguel. — Ok, nós mentimos. Ela não é minha namorada, na verdade ela é uma amiga a qual eu vim acompanhar e então tudo virou de cabeça para baixo e eu estou lutando para protegê-la. Deu para entender agora? — fala com um tom de voz um pouco mais agressivo.

— Tem algo muito estranho neles. Mas não consigo saber o que é. — pensa Miguel olhando para Camael e Surya. — Está certo, vou lhe dar um voto de confiança. — fala. — Mas se eu perceber algo errado pode ter certeza que eu não serei um cara legal!

— Não precisamos que você seja legal. — fala Camael rudemente. — Só queremos sair daqui. — mente.

— Está certo. — fala Miguel. — Agora se nos dão licença, temos um amigo para visitar neste andar.

E os três saem caminhando em direção ao quarto onde Gabriel está. Ao se aproximarem de Camael e Surya, um forte vento sopra vindo do lado de fora e um uivo rasga os céus.

— Protejam-se! — Grita Camael virando-se de costas para as vidraças e protegendo Surya.

Instintivamente, Miguel e as garotas viram-se também de costas para as vidraças e correm em direção a parede contrária. E então, uma onda sonora destrói as vidraças, arremessando cacos de vidros para todos os lados e um vulto alado adentra o hospital.
Camael rapidamente olha para Surya e avisa:
— Um demônio extremamente poderoso acabou de adentrar. Cuide deles para mim, por favor!
— O que você vai fazer? — pergunta Surya olhando nos olhos de Camael.
— Vou lutar se assim me for ordenado e por isso preciso que você leve eles para longe daqui. Nós somos anjos, mas Miguel, Gabriel e Raguel perderam a divindade e podem ser evaporados pela minha aura etérea. Vá para perto deles e os ajude a tirarem o Gabriel daqui.
— Vou ajudá-los sim! — fala Surya.
E então Camael vira-se em direção ao ser que entrou e arregala os olhos ao ver quem está a sua frente. A criatura tem um tamanho impressionante, muito maior do que qualquer humano ou anjo, com um corpo musculoso, pequenas asas negras e uma longa cauda. Orelhas compridas e pontudas projetam-se da face bestial e chifres se projetam da testa.
— Olá Camael. — fala a criatura cumprimentando o anjo. — Há quantos séculos não é?
— As-Asmodeus?! — gagueja Camael. — O que um demônio como você está fazendo aqui?
— Surpreso com a minha presença? Hahaha. — ri levemente. — Vim levar um certo Arcanjo comigo e dar cabo de outros dois e daquela bruxa maldita que me feriu a séculos atrás!
— De quem você está falando? — estranha. — Que bruxa é essa?
— Você se lembra o motivo pelo qual o seu Arcanjo preferido caiu?
— É claro que eu lembro, foi por causa da Arádia di Toscano. Miguel a amava e não suportava mais vê-la ser torturada dia após dia pelos inquisidores, que foi diretamente ao Pai Celestial e suplicou para cair.
— Então? Já se ligou quem ela é? — pergunta com um leve sorriso no canto da boca.
Camael olha para Jennifer — que nesse momento está sendo levada junto com Miguel e Raguel por Surya — e vê em seu rosto os traços da bruxa que o ajudou a derrotar Asmodeus no ano de 1334.
— Não pode ser! — se surpreende em nunca ter pensado nisso.
— A sua convivência com esses macacos está lhe deixando cada vez mais ignorante. — dispara. — Por séculos eles têm renascido e revivido essa, eca, história de amor.
— Mas isso não é possível! Ela era apenas uma humana...
— Você é tão burro assim?! — Asmodeus o interrompe. — É claro que tem o dedo do seu querido papaizinho nisso. Ou você acha que ele iria deixar o querido Mik’hail renascer e renascer uma vez após a outra sem nunca mais ver o que o motivou a se tornar um Caído. E por isso eu estou aqui! Para matar todos e acabar com essa historinha romântica dos dois. Você sabe muito bem que por eu nunca ter sido um Anjo, eu possuo aquilo que só os humanos detém, o livre-arbítrio. Algo que nem mesmo o próprio Lúcifer tem. Portanto, eu posso fazer o que eu quiser, aonde eu quiser e na hora que eu quiser. Inclusive o dom de ir e vir quando eu quiser!
— Mas isso acaba hoje! — avisa Camael. — Não vou deixar você encostar num fio de cabelo deles!
— Eu acho que você não entendeu o que eu disse. Mas eu vou repetir: Eu disse que vim para matá-los! E não será um mero Anjo que irá me impedir! Eu sou o grande Rei de Sodoma, o representante do último pecado, o homem mais impuro já nascido. Meu poder supera em muito o de vocês! E nem uma Legião de mil Anjos poderia me parar!
— Você fala demais! — e fecha os punhos. — E desse combate só um de nós saíra vivo e eu garanto que serei eu!
— É o que veremos! — fala Asmodeus batendo com a cauda no chão e abrindo um sulco.

Alguns minutos antes...
— Vamos sair daqui! — fala Surya se aproximando rapidamente dos três. — O meu amigo vai distraí-lo para podermos fugir.
Miguel olha para Surya e diz:
— Não podemos! Eu preciso tirar o meu amigo daqui! E o seu amigo está correndo risco de vida, pois ele não sabe o que vai enfrentar! O que está ali está além da sua imaginação!
— Não importa quem seja esse maluco! Eu confio nele!
Miguel agarra Surya pelos ombros e repete o que disse anteriormente, mas com outras palavras:
— Você não está entendendo, essa criatura não é humana! Quando eu disse que ele está além da sua imaginação é porque não importa o que o seu amigo faça, jamais vai conseguir sequer machucar esse demônio!
— Você disse demônio?! — Surya se espanta com o fato de Miguel saber o que Asmodeus é. — Da onde tirou isso?
— Nós já enfrentamos essas criaturas duas vezes e sinto lhe informar que em nenhuma delas fomos bem sucedidos. — adverti. — É por um milagre que estamos vivos. Aquele homem não tem a menor chance contra aquela criatura!
— Não importa! Precisamos sair daqui e tirar o seu amigo desse lugar urgente! — avisa. — Acreditem em mim!
— Porque toda essa preocupação em tirar o nosso amigo daqui? — pergunta Raguel. — O que tem de tão urgente nisso? Tirando, é claro, o fato de termos esse demônio aqui conosco. Onde acreditamos que ele só está aqui para se vingar de nós. Mas você jamais poderia saber disso.
— E realmente eu não sei, mas como vocês dizem, minha intuição diz para fazermos isso. — responde Surya pegando Jennifer pela mão e a puxando na direção oposta aonde se encontram Camael e Asmodeus.
— “Como vocês dizem”? — pensa Miguel estranhando o que Surya disse, e continua: — Não, ela não deveria ter dito dessa forma. E porque eles estariam logo nesse andar? Coincidência? Nem um pouco! Isso só me faz pensar que eles sejam...
— Vai ficar aí parado? — pergunta Surya interrompendo os pensamentos de Miguel. — Vamos logo!
— Me solte! — esbraveja Jennifer puxando o braço e soltando sua mão da mão de Surya. — Eu não vou com você! — e caminha rapidamente na direção de Miguel. — O que vamos fazer? — pergunta. — Lutar?
— Agora eu entendi tudo. — fala Miguel. — É como o Rafael havia dito: se existem demônios é óbvio que existirão anjos também. Se existe o mal, tem que existir o bem. — divaga. — E não seriam nós humanos a enfrentar essas criaturas, mas sim os exércitos celestiais. Tudo faz sentido. Se os demônios estão caminhando sobre a Terra, Deus deve ter mandado seus anjos para os enfrentarem. O Rafael estava certo desde o começo!
Jennifer olha para Miguel e acrescenta:
— Se Deus mandou seus anjos como você está dizendo, onde estão os Arcanjos? Nenhum anjo seria capaz de derrotar esse cara chamado Asmodeus. Ele é o mais próximo de Lúcifer em poder. Somente os Arcanjos teriam alguma chance contra ele.
— E como você sabe disso? — pergunta Miguel curioso.
— Eu não sei, simplesmente veio a minha cabeça e eu falei. — responde. — Devo ter lido em algum lugar. — completa.
Surya olha para o casal e um leve sorriso toma conta de seus lábios. Raguel observando a satisfação com que Surya observa os dois, ela caminha até eles e diz:
— Isso não está certo. Tem alguma coisa muito estranha aqui, mas eu não consigo saber o que é. Mas eu sinto isso. A minha cabeça está estranha, meu corpo está estranho, é como se eu soubesse de coisas que eu não deveria saber.
— Está estranho sim. — concorda Miguel. — E eu não sei por que, mas eu sinto uma vontade louca de sair voando e esmurrar esse demônio até ouvir seus ossos quebrando. — e olha para Asmodeus. — Eu sinto nojo só de proferir a palavra demônio. E eu tenho a mais absoluta certeza que se eu quiser desmembro esse monstro com uma mão nas costas.
Surya caminha até eles e diz:
— Um dia vocês irão entender isso que estão sentindo, mas não hoje. — e aponta a palma da mão na direção deles. — Então esqueçam o que aconteceu a...
Então com um rápido movimento, Miguel segura o braço de Surya e o direciona para baixo.
— Nem pense em fazer isso. Hoje eu não perco esse momento por nada! Durante toda a minha vida eu me senti um fraco perante os outros, sempre sofri o preconceito dos outros garotos na escola, sempre era surrado pelos mesmos colegas, mas hoje eu irei mostrar o orgulho que possuo! Hoje eu irei derrotar um demônio ao lado de um anjo. — e solta o braço de Surya. — Hoje eu irei proteger a mulher que eu amo e os meus amigos Gabriel, Rafael e Raguel. — e sorri.
Miguel sai correndo na direção de Camael e Asmodeus, e Surya pensa:
— Ele ainda continua sendo o mesmo Miguel de épocas imemoráveis. Sempre querendo proteger todos que o rodeiam. Mas hoje infelizmente ele não é mais um Arcanjo, o nosso chefe supremo, e por isso eu suplico ao Senhor meu Pai que somente neste momento devolva a seu filho toda a sua aura etérea. Que o Senhor me ouça, por favor, pois seu mais querido filho precisa de ti.
E nisso, um leve brilho envolve Miguel, mas logo desaparece. Surya extremamente feliz com esse sinal divino olha para cima e agradece com um belo sorriso. E então Miguel pára ao lado de Camael e este se espanta com isso.
— O que está fazendo aqui, rapaz? Você deveria ter ido embora junto com a minha amiga! A última coisa que eu quero é que você se machuque!
— Eu sei muito bem o que está rolando aqui. E achou mesmo que eu iria fugir e perder a chance da minha vida de lutar ao lado de um anjo? Enganou-se. — e sorri. — Eu vou lutar ao seu lado e o ajudar a derrotar esse pária!
Camael sente a aura que envolve Miguel e rejubila-se ao saber que o Príncipe Guardião lutará ao seu lado.
— Seja bem-vindo, meu General.
Miguel apenas o olha, mas nada diz. E então se vira na direção de Asmodeus e sorri. Seu sorriso parece evocar a épocas que se perderam no tempo. Um sorriso de desafio. Um sorriso que há muito tempo Asmodeus não via. O sorriso de um Arcanjo.

domingo, 16 de setembro de 2012

Um Mundo em Caos - Capítulo 33



Jennifer se apóia na porta e inclina-se para frente respirando fundo.
— O som que eles emitem vem de todos os lados do corredor. E o cheiro de sangue é insuportável!
—Conseguiu ver algum? — pergunta Raguel.
— Somente sombras, nada mais que isso. — responde. — Mas eram muitas.
Miguel dá um longo suspiro e então diz:
— Desliguem as lanternas. Preciso deixar meus olhos se acostumarem com a escuridão.
— O que você pensa que vai fazer? — pergunta Jennifer já sabendo o plano dele. — Enlouqueceu de vez?!
— Façam o que eu estou mandando. Por favor! — fala ele.
— Se jogar no meio dessas criaturas na escuridão é loucura! — berra Jennifer. — Nunca achei que ser um suicida era o seu forte!
— Eu nunca fui normal. — fala calmamente. — Desde criança eu sempre gostei do perigo. Lembra-se de como eu sempre me metia com os mais fortes que eu?
— Lembro sim. — responde Jennifer. — E você sempre os vencia, não importando o quão maior que você eles eram.
— Então — e sorri para ela. —, confie em mim novamente como você costumava fazer quando éramos crianças. — e segura carinhosamente as mãos dela. — Eu não vou te decepcionar.
Jennifer olha para ele e desliga a lanterna que está em sua arma. Raguel faz a mesma coisa.
— Obrigado. — Miguel agradece.
— Confiamos em você. — fala Raguel. — Posso não ter convivido com você quando criança, mas o pouco tempo que passei ao seu lado me fez confiar nas suas palavras, confiar nas suas atitudes e o principal, acreditar que não importa o desafio, você sempre voltará.
Miguel sorri e então diz:
— Obrigado mesmo pela confiança que vocês têm em mim. E eu juro não decepcioná-las. — ele caminha até a porta e encosta a mão na maçaneta. — Assim que eu terminar irei bater duas vezes na porta e somente com isso vocês a abrirão. Caso contrário, permaneçam aqui e se possível fujam o mais rápido possível.
— Apenar retorne inteiro. — fala Jennifer.
— Prometo que voltarei. — responde e abre a porta.
Assim que Miguel sai, Jennifer fecha a porta e a tranca com a chave.
— Seja o que Deus quiser. — sussurra Jennifer.
Miguel agora está no corredor cercado por dezenas de mortos-vivos. Mas para a sua sorte, uma grande janela no fim deste corredor permite a entrada da luminosidade da lua o que o ajuda a ver as sombras das criaturas se movendo ao seu redor.
— Como eu estava com saudade dessa sensação. — pensa. — Apesar de ser maravilhoso conviver com as pessoas que amo, essa sensação de perigo me faz sentir vivo. —  e dá uma rápida olhado ao redor e exclama: — Podem vir seus fedorentos!
Miguel movimenta o facão com a mesma leveza que faria sua espada dançar no ar. Um chute é desferido e o facão corta a escuridão fazendo sangue jorrar pelos ares. O facão gira no ar e uma cabeça sai rolando pelo chão. Urros ecoam pelo corredor e os movimentos de Miguel se tornam mais frenéticos. Sangue jorra para todos os lados e pedaços de corpos voam pelo corredor. Mas aos poucos sua respiração vai ficando mais ofegante com o passar do tempo.
Dentro da pequena sala, Raguel pergunta:
— Será que está tudo bem com ele?
— Enquanto ainda ouvirmos o som do facão cortando o corpo dessas criaturas pode ter certeza que sim. — responde Jennifer. E pensa longo em seguida: — Vamos Miguel, força!
Miguel está levemente inclinado e sua respiração está bastante forte.
— Vamos! Eu sei que ainda há mais de vocês! Venham de uma vez!
Alguém vem correndo em sua direção velozmente, o urro gélido e obscuro se espalha pelo corredor. Miguel arqueia o corpo e gira o facão em sua mão. Quando a criatura se aproxima, ele se abaixa e decepa as pernas ela. O morto-vivo sai rolando pelo chão e vai de encontro a parede. Um baque seco é ouvido.
— Pelo visto você é o último. — comenta Miguel caminhando até o morto-vivo. — Bom, vou lhe dar uma morte rápida. — e parte a cabeça do zumbi com um golpe de seu facão. — Acabou. — fala suspirando.
Duas batidas são ouvidas na porta e Jennifer corre até ela e a abre. Miguel entra na sala com sua respiração bastante ofegante e diz:
— Não prometi que voltava?
— Prometeu sim. — fala Jennifer com alegria na voz.
— Eu sempre cumpro com minhas promessas. — e continua: — Enfim, o corredor está limpo e podemos seguir em frente.
— Que ótimo. — fala Raguel ligando a lanterna em sua beretta e iluminando Miguel.
Suas roupas estão tingidas de vermelho e de seus cabelos escorre sangue como se fosse água.
— Meu Deus! — exclama Jennifer. — Você está coberto de sangue. — e liga a lanterna.
— Eu sei. — fala Miguel. — Mas não temos tempo para ficar discutindo sobre isso. Cada segundo que passa pode colocar o Gabriel mais em perigo!
— Apenas limpe-se um pouco. — fala Raguel entregando umas gazes para ele.
Miguel usa as gazes para limpar os cabelos e o rosto e logo em seguida eles seguem pelo corredor — que está coberto de sangue, corpos e pedaços de corpos.
— Eu exterminei vários deles, mas é sempre bom manter cuidado a qualquer barulho ou aonde pisamos. — alerta Miguel.
Elas concordam e eles seguem com Raguel na retaguarda, Jennifer iluminando o caminho e Miguel mais a frente. Eles passam por várias portas e viram a esquerda no corredor. Diferentemente do corredor anterior, este é mais iluminado devido aos grandes vitrais e com isso a luz da lua penetra mais intensamente no ambiente. Eles seguem caminhando e de repente o som de vidro quebrando toma a atenção deles. A janela pouca coisa atrás deles estoura de fora para dentro, e uma forma nervosa invade o corredor, a criatura é maior que um ser humano e, além disso, cheira a um matadouro num dia de sol quente. A criatura urra e sai correndo em disparada na direção deles. Raguel atira, mas erra o tiro e a criatura salta sobre eles atingindo Jennifer com seus braços. Jennifer atinge dolorosamente a parede deixando a espingarda cair no chão. E então a criatura se vira na direção de Miguel.
— Oh droga! — exclama Miguel.
Um violento rosnado ecoa pelo corredor e a criatura ataca Miguel. Suas grandes mãos o pegam pelo pescoço e o cheiro de podre toma conta de suas narinas. Miguel segura firme o facão e o enterra no abdômen da criatura, uma gosma pútrida escorre pelo facão e banha a mão de Miguel. Num rápido movimento, ele abre o abdômen do ser e o intestino da criatura cai pelo chão. Com tal atitude de Miguel, a criatura aumenta ainda mais a pressão sob o pescoço do humano e o ergue no ar.
Raguel mira no corpo da criatura, mas hesita em atirar devido a proximidade desta com Miguel. Jennifer sai catando sua espingarda no chão e nisso, outro vidro estoura de fora para dentro e um cachorro salta para dentro do corredor rosnando enfurecido. Raguel ilumina a criatura e o cachorro está sem a pele com seus músculos e parte dos ossos expostos. Com a luz da lanterna iluminando sua face, o cachorro muda a sua atenção em direção a Raguel. Esta respira fundo e encara o cachorro que neste momento está rosnando com seus dentes a mostra.
Jennifer encontra a espingarda próxima aos cacos de vidro e a pega e liga a lanterna. E nisso, o cachorro sai correndo na direção de Raguel.
— Eu não posso errar! — exclama enquanto aperta o gatilho da beretta.
Ela atira uma, duas, três vezes e todos os tiros atingem em cheio o cachorro, mas não o fazem reduzir a velocidade nem por um instante. E então, um poderoso disparo é ouvido e o cachorro sai rolando pelo chão com sangue manchando o gélido piso. Seus membros se debatem por alguns instantes e então a criatura fica imóvel deitada no chão. As duas reconhecem como sendo a contração muscular de um morto. E rapidamente se viram na direção onde Miguel e a outra criatura estão.
— Atire nos pés dele! — manda Jennifer.
Raguel mira nos pés da criatura e dispara vários tiros, até que então a criatura cede e acaba desabando no chão e conseqüentemente largando Miguel, que cai com um baque seco. Jennifer sem pensar duas vezes corre em direção a criatura e dispara sua espingarda em direção a cabeça do ser. O tiro faz com que o crânio da criatura exploda em centenas de pedaços e várias pequenas partes de cérebro se espalhem pelo chão. Miguel aliviado leva as mãos ao pescoço e não encontra nenhum ferimento, apenas sente a dor da pressão que foi exercida sob o mesmo.
— Você está bem? — pergunta Jennifer.
— Estou sim. — responde. — Obrigado mais uma vez. — e ergue-se do chão. — Vamos em frente, pelo visto é perigoso ficarmos expostos a estas janelas.
— Concordo. — fala Raguel.
— Então vamos. — fala Miguel saindo correndo pelo corredor.
Eles chegam ao final do corredor e finalmente encontram a outra escadaria. Entreolham-se rapidamente e sobem as escadas correndo. Passam pelos próximos andares e finalmente chegam ao 9º andar e encontram uma porta metálica trancada.
— E agora? — pergunta Raguel. — Precisamos passar por ela se quisermos chegar até o Gabriel.
— Eu tenho uma idéia. — expõe Jennifer. — Só não sei se vocês irão aceitar.
— Qualquer idéia é bem vinda. — fala Miguel. — Diga-a.
— Bom, o que eu pensei foi em amarrarmos uma granada no alto da porta e então puxarmos o pino dela. A explosão com certeza será suficiente para derrubar a porta.
— Você tem razão. — concorda Miguel. — Vamos fazer isso. Não temos tempo a perder.
Miguel ergue Jennifer do chão e a ajuda a alcançar o topo da porta. Com a ajuda da corda que Miguel trazia amarrada ao cinto, ela consegue prender a granada e então Miguel a traz de volta ao chão.
— Tudo pronto. — expressa Jennifer. — Está presa bem firme na porta.
— Ok. — fala Miguel. — Desçam um lance de escadas que eu vou retirar o pino e já corro até vocês.
— Certo. — elas falam ao mesmo tempo.
As duas fazem o que Miguel pede e então ele puxa o pino da granada e corre na direção delas e as abraça de forma que as protege da explosão que irá acontecer. Segundos depois, a granada explode fazendo o chão e as paredes tremerem e jogando pedaços de concreto para todos os lados e levantando uma cortina de poeira.

Alguns minutos antes.
— Estamos quase chegando! — fala Camael enquanto abre uma porta.
— Eles foram mais rápidos do que pensamos. — comenta Surya seguindo logo atrás. — Precisamos ser mais rápidos do que eles se quisermos chegar antes!
E sobem correndo uma escadaria.
— Malditos demônios! — pragueja Camael. — O que eles pretendem fazer com ele? Todos sabem o que acontece quando um de nós é contaminado por um morto-vivo! Praga! Uma criatura nem anjo e nem demônio surge da transformação e passa a julgar ambos os lados e sentenciar aqueles que considera culpados. E seu poder é muito maior do que qualquer um de nós! Em uma luta, essa nova criatura pode devastar uma Legião inteira!
— Eu sei! — exclama Surya. — O Arcanjo Miguel já enfrentou um desses e o conseguiu derrotar com a ajuda do Lorde Metatron.
— Mas hoje o Miguel não sabe que é um Arcanjo e o Lorde Metatron está sumido desde que veio a Terra na época de peste negra. — explica. — Por isso não podemos deixar algo assim acontecer!
— Bom, estamos quase chegando ao 9º andar! — fala Surya.
— Então permaneça sempre atrás de mim. — avisa Camael. — Nada de ruim pode acontecer a você! Já que dependendo do que acontecer, você é nossa única salvação! — alerta.
— Nada de ruim vai acontecer comigo enquanto você for o meu protetor. Eu sinto isso!
Camael sorri e eles chegam a uma porta de metal. Ele gira a maçaneta e a porta se abre. Ao entrar em um longo corredor cheio de portas em toda sua extensão, o gemido característico dos mortos-vivos é ouvido.
— Eu já esperava por isso. — fala Camael com certa tranqüilidade na voz. — Apenas os mortos-vivos bloqueiam nosso caminho. Pelo visto, os demônios resolveram debandar daqui.
As criaturas ouvem a voz de Camael e se viram na direção dele e de Surya.
— Já nos perceberam. — comenta Surya.
— Eu vi. — ele fala e então olha para Surya. — Fique aqui e não saia até que todos esses mortos-vivos estejam definitivamente mortos. Ok?
— Entendido. — ela responde.
Camael ajeita o terno e caminha lentamente na direção dos zumbis. As criaturas urram ferozmente e se lançam num ataque frenético na direção dele. Camael toma a posição de luta e passa a desferir socos e chutes em todas as direções. Seus golpes são tão potentes que rasgam os zumbis ao meio, partem membros, crânios, esfacelam ossos e um rio de sangue passa a se formar no chão.
Surya apenas observa o seu amigo celestial lutar.
Após mais alguns minutos de luta, todos os mortos-vivos estão destroçados e definitivamente mortos. E Camael está parado no meio do corredor lavado de sangue. Surya caminha até ele e o elogia:
— Você luta muito bem.
— Obrigado. — agradece. — Agora vamos até o quarto onde ele está.
Nisso, uma das janelas na outra extremidade do corredor se quebra e um vendaval adentra o ambiente. E seguindo esse vendaval, uma criatura alada entra pela janela e pousa no chão. Camael instintivamente pára na frente de Surya.
— Ora, ora, eu sabia que esses mortos-vivos não dariam conta de vocês. Por isso resolvi vir pessoalmente dar um fim na medíocre existência de seres como vocês e continuar com o planejado.
— Quem é você? — pergunta Camael dando um passo a frente.
A criatura suspira e então responde:
— Eu sou Zavebe, um dos generais de Samyaza.
— E Samyaza por acaso está aqui na Terra? — pergunta Camael intrigado.
— Eu nem deveria lhe responder isso. — fala Zavebe. — Mas como sou educado não deixarei sua pergunta sem uma resposta. E a resposta é não. Samyaza não está aqui na Terra. Ele continua administrando suas Legiões no Inferno.
Por um instante, Camael se sentiu aliviado com a resposta dada pela criatura. Mas em seguida se pôs em posição de combate.
— E o que ele quer com aquele garoto? — pergunta Camael.
— Isso não diz respeito a mim e nem a você. — responde Zavebe. — Samyaza só responde a um ser e você sabe muito bem quem é.
— Sei sim. — fala Camael.
— Então saia da minha frente e deixe-me levar o que vim aqui buscar. — fala Zavebe.
— Você sabe que não posso deixá-lo levar aquele garoto. — avisa Camael. — Mesmo ele não sendo mais quem ele costumava ser e representar, ainda continua sendo um de nós.
— Eu imaginava que você não me deixaria passar. Então terei que destroçar vocês dois para isso. — e sorri. — O que eu não faço pelo meu reino. — e fica em posição de combate.
Nisso, uma explosão atinge a parede e uma porta metálica golpeia Zavebe o rasgando ao meio e arremessando seus pedaços pela janela junto com entulhos e poeira. E após alguns segundos, Miguel, Jennifer e Raguel passam pelo buraco aberto na parede. Camael olha para Surya e diz:
— São eles.
— Mas só há dois Arcanjos. — comenta Surya.