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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um Mundo em Caos - 08

Nisso, dentro de campo Tiago diz:
— Cometa oitenta e sete, Cometa oitenta e sete!!!!
Karber passa a bola para Tiago que lança para Stuart que está correndo pela esquerda. E pelo centro Martinez avança velozmente. Stuart lança para Martinez que a agarra com firmeza. Aí vêm os Linebackers...
Nisso, Miguel se vê entre dois imensos adversários, que parecem ter o dobro de seu tamanho. Mesmo correndo ele é interceptado pelos dois Linebackers que supostamente deveriam estar bloqueados... seu corpo é pressionado de forma esmagadora.
NÃO!!! Martinez é atingido por dois Linebackers e cai no chão!taa James e diz:
salho e usando um terno
Parece que foi grave. Ele foi atingido por dois jogadores de cento e dez quilos, e ele tem apenas sessenta e oito quilos. É como se chocar contra uma muralha! — fala o comentarista.
De repente a torcida fica muda. A preocupação com o jovem é geral. Seu corpo está imóvel no chão enquanto sua face permanece oculta devida a proteção de seu capacete. Jennifer põe as mãos no rosto e olha para o campo com uma expressão de pavor. Os minutos passam e Miguel continua caído no chão sem se mexer. Os médicos estão cuidando dele e de repente, ele levanta as mãos e abana para a torcida.
Parece que Miguel está bem, ele está abanando para a torcida. Mas depois de um pancada dessas, ele vai ter que esquentar o banco por alguns minutos.
O que é uma pena. — fala o comentarista. — Ele estava indo muito bem.
Miguel sai mancando e pensa:
— É o fim pra mim. Cara dói demais!
O segundo quarto termina, assim como o terceiro, e o time do Grêmio não se encontra em campo. Estão sofrendo uma derrota de quarenta e nove a quarenta e quatro.
— E aí, Martinez, como está essa perna? — pergunta o técnico.
— Ainda dói um pouco.
— Vamos esperar mais um pouco então. O time tá conseguindo segurar a ofensiva deles e não os tá deixando avançarem muito.
Os minutos passam e chega aos minutos finais da partida.
— O Grêmio realmente não estão mais se encontrando em campo. Essa vantagem de cinco pontos para o Internacional está afetando o comportamento dos jogadores. O que era para ser um espetáculo por parte do Grêmio está virando um verdadeiro desastre! — fala o comentarista.
Então em meio à torcida do Grêmio, Jennifer se ergue e começa a gritar:
— Miguel! Miguel! Miguel! — batendo palmas em sincronia com os gritos: — Acreditamos em você!
— O que você está fazendo minha filha? — questiona seu pai demonstrando estar um pouco envergonhado com a situação. — Eu gosto dele também, mas ele se machucou, não tem como jogar mais hoje.
Talvez por não aceitar a verdade contada por seu pai ou talvez por acreditar que Miguel ainda é capaz de superar isso, ela continuou gritando chamando a atenção dos outros torcedores ao redor:
— Miguel! Miguel! Miguel! Acreditamos em você!
Enquanto isso no campo, Rafael Morgan teve sua atenção roubada por essa cena enquanto segurava dois adversários entre os ombros. Ele pensava consigo mesmo: — Essa garota é louca! É louca pelo Miguel mesmo... hehehe!
Já se sentindo um pouco isolada por ninguém apoiar seu coro a favor de Miguel. Ela já estava se questionando se não seria melhor ficar quieta, afinal, ele não poderia mais jogar hoje. Então que papel ridículo ela estaria fazendo agora? Porém, estes pensamentos intimidadores foram apagados de sua mente quando ela começou a ouvir as vozes de suas amigas, quais estavam sentadas a algumas fileiras atrás dela. Em poucos instantes o coro se tornara geral. Assim de forma improvisada, até as cheerleaders esboçavam uma coreografia. Todas as pessoas que estavam lá para torcer pelo Grêmio, agora gritavam em uma só voz que acreditavam em Miguel. Seus gritos abafavam toda a torcida do Internacional. Afinal eles são a torcida da casa:
— Miguel! Miguel! Miguel! Acreditamos em você!
— Mas que grande besteira! — assim resmunga Tiago, enquanto bebe um pouco de água na beira do campo. — Deviam acreditar no time e não em um fracassado que mal consegue terminar uma partida! – enquanto fala, foi interrompido por uma “leve” ombrada de Rafael que passa por trás dele.
— Você só fala isso porque não estão gritando o seu nome, mané! — falou Gabriel, passando por eles e dando um tapa no topo do capacete de Tiago.
Estamos nos últimos momentos desta incrível partida, qual irá decidir o campeão nacional da temporada. — Continuava a narração enquanto os jogadores se posicionavam em campo.
E a vantagem está com o Grêmio que movidos pela torcida podem decidir o título com essa jogada! — Completava o comentarista.
E eles ainda continuam pedindo o retorno de Martinez! Mas será que ele está em condições de jogar?
O Técnico Titi se aproxima de Miguel e pergunta:
— Ei Martinez, você consegue correr por alguns metros com essa perna assim?
— Não sei treinador, mas acho que consigo sim.
— Não ouvi o que você disse! Repita!!!
— Eu consigo sim, treinador!!!!!!!
— Então entra em campo em mostra pra eles quem nós somos!!! A torcida quer vê-lo correr e eu também!!!
Enquanto Miguel adentra o campo, Rafael corre em sua direção e pergunta:
— Você tá legal?
— Não sei cara, só não quero decepcionar todos.
— Não se preocupe, nós vamos vencer.
Gabriel se aproxima chamando a atenção de seus amigos enquanto aponta para direção das arquibancadas. Onde um pouco mais acima está o painel luminoso do estádio.  Eles assistem uma rápida animação de três letras “M” quais se entrelaçam e se tornam um cometa com a bola de futebol americano. Em seguida apareceu escrito: — Vai lá cometa!
E a torcida vibra.
— Gostou? — Questionou Gabriel: — Era pra ir ao ar com o ponto da vitória, mas botando agora ficou mais emocionante. Eu passei a madrugada trabalhando nisso.
— Você sempre mexendo com computadores, hein? — Miguel apenas ria, sem saber como retribuir o apoio. — Então vamos fazer esse ponto!
— Ô mocinhas! Venham aqui com o resto do time! — Chamou Tiago apoiado pelo olhar de desdém do resto da equipe.
Faltam apenas alguns segundos para a partida terminar.
Faltando apenas quinze segundos para o fim da partida, o Grêmio tem uma jogada que pode decretar a vitória ou a derrota do time. E para isso eles vão utilizar a velocidade do camisa trinta e três.
Tiago olha para todos e grita:
— Cometa quarenta e quatro!!!! OUVIRAM?! Cometa quarenta e quatro!!!!
Narrador: — O juiz dá o sinal e...começou!
Normam passa a bola para Tiago que corre se esquivando de alguns jogadores adversários e a lança para Martinez que está cruzando a linha das dez jardas... mas...
Tentando manter o equilíbrio enquanto toda a torcida grita seu nome em um só coro. Miguel consegue ouvir apenas a torcida em um ritmo exato em que ele investe todo o peso de seu corpo em sua perna dolorida durante uma árdua corrida.
— Miguel!!! Miguel!!! Miguel!!!
Mas por maior que seja seu esforço ele atingiu o seu limite e mesmo estando cada vez mais perto de seu objetivo, com seus colegas de time se esforçando ao máximo como inacreditáveis barreiras humanas. Ele demonstra não agüentar mais.
— Miguel!!!! Miguel!!!! Miguel!!!!
Sem parecer contar a sua vontade, a sua perna já não lhe obedece mais e assim o seu corpo despenca se projetando ao ar devido à velocidade em que estava. Ele sente a bola escapando por entre seus dedos enquanto todos os seus instintos clamam para levar as mãos à perna dolorida. Primeiro seu ombro toca o solo, seguido por suas costas, logo o jovem rapaz rola muitas vezes pelo gramado. Agora, toda a torcida assiste sua queda em silêncio, especialmente uma garota, qual sente como se estivesse caindo junto com ele. O narrador por também estar chocado pela inesperada situação busca algumas palavras em sua mente, mas mesmo assim, não fala nada até Miguel parar de rolar.
Parece que sua perna não agüentou o esforço. Ele cruzou a linha, mas não é possível ver a bola em lugar algum. Não há mais tempo para nada! Parece que o Grêmio perde a partida por quarenta e nove a quarenta e quatro. — fala o narrador visivelmente entristecido.
E nisso, Miguel levanta e a bola está embaixo dele. O narrador muda seu discurso e como se tomado por uma imensa alegria e comoção grita:
E Martinez leva o time do Grêmio ao posto de campeão com esse incrível touchdown. Seis pontos na tabela, uma vitória de cinqüenta contra quarenta e nove pontos. Correr com uma perna machucada não deve ter sido nada fácil.
— O técnico Titi arriscou sua carreira e a desse jovem com essa tática desesperada. Se algo pior acontecesse com ele, seu futuro poderia ter sido arruinado e isso seria péssimo para a carreira de Titi. — fala o comentarista.
E assim terminamos a nossa transmissão com essa vitória surpreendente do Grêmio. Fiquem agora com a nossa jornada esportiva. Nos vemos novamente na próxima temporada. Até mais Mauricio.
Até mais Brito.
Miguel senta-se ao chão e Gabriel se aproxima dele e diz:
— Você jogou melhor que muita gente aqui hoje, cara. Nós somos campeões nacionais, maluco!!!
Nisso, Jennifer chega correndo e se joga sobre Miguel e diz:
— Você conseguiu!!! Você conseguiu!!! Mas agora tem que descansar e ir ver essa perna.
— Claro. Vou descansar sim.
— Ei Miguel! — fala Rafael. — Bom jogo!
Miguel acena para Rafael e sai caminhando abraçado em Jennifer.
— E aí, o que vamos fazer? — pergunta Jennifer.
— Eu só quero ir pra casa. To morrendo de dor na perna. Me desculpa, mas não vai dar pra gente sair hoje.
— Você deveria ir num médico pra ver essa perna.
— Não é nada. É apenas uma dor por causa da pancada, eu vou ficar bem.
— Então eu vou com você pra sua casa.
— E o seu pai?
— Ele não vai se importar porque é por uma boa causa. Heheheh...
— Tá bom então. — sorri Miguel.
Os dois chegam à frente do colégio e o pai dela está esperando eles na limusine.
— Boa partida garoto! Pena você ter se machucado. Eu sinto muito.
— Obrigado senhor.
— Não precisa me chamar de senhor. Somos amigos não somos?
— Sim senhor.
— Hahahahah... você não perde o jeito mesmo!!!
— Pai, — chama Raguel, — eu vou ir pra casa do Miguel, tá?
— Sem problemas. O nosso herói merece ser bem cuidado. Querem uma carona?
— A gente aceita. — responde Jennifer.
— Desculpe senhor, mas eu não sou um herói. — ele sussurrou de forma envergonhada.
— Hahahahah ... esse garoto me saí com cada uma! Miguel vou lhe explicar duas coisas sobre heróis. Primeira, uma vitória ou um gesto que traga alegria ou ajude pessoas nos faz um herói. Segundo, os heróis não vencem sempre. Mas você ainda é muito novo para esse tipo de lição.
— Ah tá... — se intrometeu Jennifer mudando o clima da conversa. — Falou o super especialista em atos heróicos do Rio Grande do Sul. Heheheheh.
Os três entram no carro e Miguel diz:
— Eu nunca vou me acostumar a andar nesses carros maiores que o meu quarto. Parece que eu estou dentro de uma espaçonave. Soa meio engraçado isso, mas não que eu queira que soe engraçado. Mas é que eu...
— Calma Miguel, não precisa ficar nervoso. — fala Jennifer segurando a mão dele.
— Eu não to nervoso. Ah cara, esse carro me deixa nervoso, sim. Parece até que eu sou importante.
— Eu também ficava assim quando comecei a andar nele pela primeira vez. Mas hoje é tão natural. — fala Scott.
— É que é difícil garotos da minha idade andarem de limusines, ou pior, saírem do estádio de limusine junto com uma das pessoas mais importantes do estado.
— Ei, eu já fui da sua idade e não sou tão importante assim. Sabe o que é muito mais importante? É você fazer a minha filha sorrir como ela está fazendo agora. Essa menina tá sempre de sorriso no rosto agora.
— Ahn... eu não faço nada demais. É... eu sou eu mesmo...
— Parem, vocês estão me deixando sem jeito. — fala Jennifer.
— Hahahahahh!!! — ri Scott. — Nunca me diverti tanto como estou me divertindo hoje! Tomara que essa alegria nunca acabe!
Miguel sorri e diz:
— Eu até esqueci que quase perdemos um jogo hoje.
— Perder uma final de campeonato não é nada. O técnico Titi e eu perdemos duas finais consecutivas quando estávamos no colegial. E nem por isso foi o fim do mundo. Eu sei que a gente fica triste, que pensa que tudo vai acabar, mas não é assim. Cada pedra no caminho é para nos tornarmos mais fortes. Se não houver derrotas nunca vamos aprender a melhorarmos cada vez mais e mais. É pra isso que servem os percalços da vida. Mas claro que isso era jogando o nosso futebol, e não o dos americanos.
— É pai, mas acho que os jogadores do Internacional não pensam assim. O Miguel foi xingado hoje por quase todo o time deles.
— Tem gente muito brava comigo por causa disso. — fala Miguel.
— Mas não esquenta com eles. Uma hora passa. Ninguém fica encanando muito tempo com a mesma coisa... Oh, parece que chegamos na sua casa Miguel.
— Valeu pela carona, seu Scott.
— Aprendeu, hein? Quando os seus pais voltam?
—Amanhã à noite.
— Diga a eles pra me ligarem. — fala Scott. — Quero marcar um jantar pra essa semana. Não esquece!
— Pode deixar. — fala Miguel sorrindo.
— Cuide bem da minha filha! — fala Scott fechando a porta do carro. — E você mocinha. Me ligue se precisar de algo.
Os dois saem caminhando em direção a porta da casa e a limusine do pai dela vai embora. Então Jennifer abre a porta e Miguel diz:
— Que sorte você ter trazido a cópia da chave que eu lhe dei, porque a minha ficou dentro da mochila. Que azar!
— Eu já trouxe porque sei que você é meio esquecidinho. Agora vamos entrar e cuidar desses ferimentos que você ganhou no jogo.
— Tá bom. Mas antes me deixa tomar um banho. To sujo.
— Vai lá então. — fala Jennifer.
E nisso, Miguel olha para trás e Jennifer salta sobre ele com seu corpo putrefato e crava seus dentes apodrecidos em seu pescoço e arranca um pedaço de carne e mastigando diz: — Porque você me deixou para trás?

Miguel acorda extremamente agitado, — Porque eu vi você morrer pela webcam! Meu Deus!!! Pareceu tão real!!! Jennifer, meus amigos. O que está acontecendo... eu revivi aquele dia novamente. No meu sonho.

2 comentários:

  1. Olá amigo, gostei muito da sua iniciativa e da sua história.. estou ansioso para ver a continuação.. e se vc quise-se eu poderia divulgar o seu trabalho, com a sua permissão é claro.. Eu sou dono de Dois Blogs, e tambem gosto de escrever historias.. uma q eu estou criando se chama Prisioneiros da Escola.. gostaria muito de conversar com vc..
    meu msn é " m4g7@hotmail.com " me add ai.. já sou fã do seu trabalho.. abraço..

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  2. Pode divulgar sim, se fizer isso só tenho a lhe agradecer.

    Gosto muito de escrever, essa é a segunda história que escrevo, há outra encontra-se guardada. porém esta decidi por publicar devido a experiência adquirida em escrever a outra. Em poucas palavras, a outra está muito mal escrita, esta está um pouco melhor, mas longe de estar ótima da forma como eu gostaria.

    Já adicionei você no msn para podermos conversar.

    Abração...

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