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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Um Mundo em Caos - 15

O carro está capotado e Miguel solta o cinto e cai sobre o teto do carro.
— Vocês estão bem?
— Mais ou menos. — responde Gabriel. — Malditos air-bags, não to enxergando nada.
— Ai, minha cabeça dói. — resmunga Rafael. — Cadê a Raguel?
— Ela voou pelo pára-brisa quando essa merda bateu. — responde Miguel. — Cadê o Hachi?
— Aqui comigo. — responde Gabriel. — Precisamos encontrá-la! — fala preocupado. — Ela pode estar machucada.
— E faremos isso, mas antes precisamos sair daqui. Estão sentindo esse cheiro? — eles respondem que sim e Miguel continua, — Essa merda pode ir pelos ares a qualquer segundo, peguem suas mochilas e vamos sair daqui!
Gabriel e Rafael soltam seus cintos e também caem sobre o teto, eles pegam suas mochilas e Miguel cata a sua espada e eles se arrastam para fora do carro pelas janelas. Então se levantam e saem correndo e o carro explode segundos depois que eles saem.
— Essa foi por pouco. — fala Gabriel. — Quase consigo sentir o cheiro do meu traseiro quase chamuscado.
— Sorte que vocês conseguiram sair de lá a tempo. — fala Raguel saindo de trás de um carro segurando o braço esquerdo pelo pulso.
— Você está bem? — pergunta Miguel correndo até ela.
— Sim, apesar dos cortes que tive na cabeça e do meu pulso machucado estou bem sim. Vou sobreviver.
­— Que bom. Fiquei preocupado com você. Mas como você está inteira?
­— Por milagre eu me choquei contra uma pilha de colchões mais a frente. Isso salvou minha vida.
­— Que bom que todos estamos bem, mas precisamos sair rapidamente daqui. — alerta Rafael. — Quem quer que estivesse atirando em nós virá até aqui para ver se morremos ou se algum de nós sobreviveu.
— Você tem razão. — concorda com ele, Miguel. — Então vamos seguir em frente.
— Minha moto está destruída. — lamenta Gabriel. — Demorei tanto pra achar uma em perfeitas condições.
— Não chora. — fala Raguel. — A gente encontra outra. Agora me dá o Hachi e vamos cair fora daqui.
Eles saem rapidamente dali se esgueirando por entre os carros e os escombros. A fumaça causada pela explosão do carro pode ser vista de longe.
— Sebo nas canelas, gurizada. — fala Miguel.
— Sebo, isso me faz pensar em carne. — fala Rafael. — Perdemos tudo. As carnes enlatadas, salsichas... meu Deus, acho que vou passar mal.
— Deixe pra pensar nisso depois. Precisamos nos afastar daqui o mais rápido possível.
Eles seguem correndo pela Avenida Farrapos e passam por muitos carros e ônibus completamente destruídos. Escalam escombros e saltam por enormes buracos. Então Miguel pára de correr e com a mão no peito diz:
— Vamos parar. Não agüento mais correr. Está me doendo muito o peito.
— Acho que agora podemos sentar um pouco. — fala Raguel.
Eles sentam a sombra e Raguel pergunta se algum deles tem água. Miguel responde que sim e a dividi com os três. Mas diz para maneirarem, pois não sabem quando vão encontrar água novamente. E nisso eles ouvem barulhos vindo de trás de um monte de pedras e tijolos. Miguel saca a espada e diz sussurrando:
— Se escondam.
— E as mochilas? — pergunta Gabriel.
— Deixa-as.
Eles se escondem e alguns zumbis aparecem. Então Miguel salta de onde estava escondido e decepa a cabeça dos zumbis e depois pisa em cima de cada uma delas e diz:
— Mortos para sempre agora! Malditos!
— Morto está você, maluco. — ecoa uma voz de homem. — Mandar zumbis como isca sempre funciona.
— O quê?! — indaga Miguel sem entender muito.
— Permaneça de costas e com as mãos onde possamos ver.
Então dois homens negros saem de trás dos entulhos armados com revolveres. Um mais baixo e o outro bastante alto.
­— Se tentar qualquer gracinha estouramos sua cabeça. Entendeu?
— E que gracinha eu poderia tentar? Vocês estão armados e eu estou com uma espada. Suas armas são bem mais rápidas que a minha.
— Heh. Agora nos responda o que está fazendo aqui?
— Estou fugindo de uns caras que atiraram no meu carro lá atrás.
— Tinha mais pessoas com você?
— Não, apenas eu.
— Então a fumaça que eu vi era do carro dele. — fala um dos homens olhando para o outro. — Passou onde não devia e levou chumbo.
— Como assim? — pergunta Miguel.
— Não vai querer que a gente explique. Tava aonde esse tempo todo, no Alaska?
— Dentro da minha casa. — responde Miguel.
— Então não devia ter saído. As ruas estão perigosas pra essas bandas.
— Eu precisava de comida e água.
— E pra onde pretendia seguir?
— Para o centro.
— Esse cara é completamente louco. Não vai durar um segundo no território dos árabe.
— Árabe?
— To dizendo. Esse cara tá mais doidão que a gente. Não sabe de nada que tá rolando pra esses lados.
— Se vira pra nós, mano.
Miguel se vira para eles e o mais alto diz:
— Gostei da sua espada. Brilhante. Vou ficar com ela de presente assim que estourar seus miolos. É melhor do que você morrer lá e voltar como um morto-vivo para nos incomodar. Considere isso como um ato de compaixão da nossa parte. Em outra ocasião iríamos nos divertir torturando você e arrancando seus pedaços para dar de comida aos zumbis.
E nisso Miguel vê Rafael e Gabriel se aproximando dos caras pelas costas deles. Miguel sorri e diz:
— Vocês é que vão morrer.
— Tsc. Acaba com ele que temos mais o que fazer. Dá um tiro bem no meio dos olhos dele que é para ter certeza que esse aí não volta mais.
Então Gabriel e Rafael dão um mata-leão nos dois e Rafael diz:
— Entreguem suas armas para ela bem devagar. Sem gracinhas. Seus pescoços estão nos nossos braços e não sabemos muito bem dosar a nossa força nessas situações.
Raguel sai de trás de um carro e pega as armas dos dois.
— Agora vocês não podem fazer mais nada. — fala ela.
Gabriel aperta um pouco mais o pescoço do cara e diz:
— Matar por causa de uma espada ou por achar que ele não sobreviveria? Eu não consigo entender isso. Podiam ter o deixadoele ir embora e se ele morresse seria problema dele, não de vocês. O ser humano é podre na sua essência. Se corrompe por qualquer coisa ou acha que está fazendo o bem tirando a vida de alguém que julga ser incapaz de certos atos... — ele impõe mais força nos braços e comprime ainda mais o pescoço de seu cativo. — Tá sentindo a sua traquéia ser esmagada, é? Isso não é nada.
Então Miguel fecha os olhos e corta o ar com sua espada. — Considerem isso como uma ato de compaixão. — Sangue espirra para todos os lados e a metade de cima do crânio dos dois homens começa a pender para o lado e cai no chão. Os rostos de Rafael e Gabriel ficam lavados de sangue e eles soltam os corpos que ainda se movimentam por alguns segundos e caem ao chão.
— Você ficou louco Miguel?! — pergunta Raguel enfurecida. — Era só prendermos eles que não nos incomodariam mais.
— Precisamos limpar o mundo dessa escória. — responde. ­— E vocês deveriam andar armados. Andar de mãos vazias não vai dar certo.
— Você ouviu alguma coisa do que eu falei? — pergunta Raguel.
— Isso serve para você também. Aprenda a usar alguma coisa como arma e se torne especialista em seu uso. Daqui para frente acabou a brincadeira. — fala com um tom severo e olhar firme. — Há pessoas que serão inimigos potenciais e outras poderão nos ajudar, confiar em alguém está fora de cogitação. Só poderemos confiar em nós. Até que provém o contrário, todos são nossos inimigos e serão tratados como tal.
— Miguel... — sussurra Raguel.
Miguel fica olhando para os lados e encontra uma barra de ferro não muito grande e meio fina. Ele caminha até ela e a agarra, faz alguns movimentos e diz:
— Perfeita.
Então caminha até Raguel e entrega a barra para ela dizendo:
— A partir de agora essa barra será sua amiga inseparável. Sua confidente. Para onde você for ela vai com você. E claro, aprenda a usar ela da mesma forma que você usava o seu taco. Assim que possível o Gabriel pode te ensinar a usar de forma correta. E mais uma coisa, coloque o filhote na minha mochila para evitar expor ele a perigos desnecessários.
— Sim. — responde ela.
Gabriel e Rafael pegam as armas com Raguel e Gabriel diz:
— Apenas bata com a ponta do ferro no crânio deles com toda a sua força.
— Eu sei. Eu usava um taco antes.
— Então essa transição será tranqüila.
— O pessoal. — fala Rafael. — Alguém tem um pano pra gente poder limpar o rosto? Eu to pintado de vermelho.
Gabriel tira a camisa e joga para Rafael.
— Limpa com a minha camisa e depois me devolve.
Rafael limpa o rosto com a camisa e a devolve para Gabriel que faz a mesma coisa. Então após limpar seu rosto ele a veste novamente.
— Vamos seguir em frente? — pergunta Miguel. — Cada segundo perdido é uma chance que damos ao azar. Podem vir atrás desses dois e aí podemos não dar conta do recado.
— Vamos. — responde Gabriel. — Também não quero mais permanecer aqui.
Raguel e os outros colocam as mochilas nas costas e Miguel segue a frente.

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