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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um Mundo em Caos - 18


— Jenny... é você? De verdade? — questiona ele incrédulo com lágrimas nos olhos, — A minha Jenny...
Então ela salta sobre ele o agarrando pelo pescoço: — Sim, sou a sua Jenny!
— Você está viva!!!
— Estou! — fala Jennifer beijando o rosto dele.
— Eu achei que você estivesse... morta. Eu vi pela webcam. Eu ouvi os gritos. E era a sua voz.
— Não era eu, meu amor. Mas eu não quero falar sobre isso. Eu sonho todas as noites com você. Como desejei que este dia acontecesse. Eu sabia que você estava vivo em algum lugar.
Enquanto isso, onde os outros três ficaram. Gabriel contagiado pela emoção do momento diz:
— Cara, eu não acredito. É a Jennifer. O Miguel deve estar eufórico. O tanto que ele sofreu durante todo esse tempo acreditando que ela havia morrido e agora isso. Esse momento é memorável, lindo.
— Ela é que é a Jennifer? — pergunta Raguel surpresa. — Estilosa.
— Esse é o grande amor do Miguel. — diz Rafael sorrindo. — Ela não morreu como o Miguel estava acreditando até agora. E finalmente eles estão juntos. Fico muito feliz por eles.
— Ei, vamos lá. — fala Gabriel sorridente.
Os três caminham até onde Miguel e Jennifer estão, e Rafael visivelmente emocionado abraça os dois e bastante comovido diz:
— Como eu estou feliz por você Jenny e pelo Miguel. Só quem esteve com ele esse tempo sabe o quanto esse cara sofreu por você.
Jennifer abraça bem apertado Rafael e sorrindo completa: — E eu estou feliz por você e o Gabriel estarem vivos e protegendo o Miguel. Vocês o trouxeram de volta para mim e eu não tenho palavras para expressar a minha gratidão. Só posso dizer que é como se eu tivesse renascido.
Então ela abraça Gabriel e este diz:
— Fizemos o que estava ao nosso alcance, mas ele é quem nos manteve seguros. Esse cara é foda. — aponta para Miguel. — E eu quero lhe apresentar uma pessoa. Ela ajudou o Miguel por toda essa jornada enquanto estávamos distantes. Vem aqui Raguel.
Raguel caminha até os dois e envergonhada diz:
— Oi.
— Vem cá. — fala Jennifer a abraçando e dizendo: — Muito obrigada! Sou muito grata a você e a todos que fizeram esse meu sonho se realizar.
Raguel passa a mão no rosto para enxugar as lágrimas e diz:
— Não precisa agradecer. Quando ele finalmente se abriu, e contou o que ele achava ter acontecido com você, jurou que iria fazer deste mundo um lugar melhor porque assim você queria. E sem falar que ele possui um coração do tamanho do mundo.
— Que é isso pessoal. — fala Miguel envergonhado. — Sou apenas alguém tentando fazer a diferença nesse mundo.
— E agora faremos essa diferença juntos. ­ — completa Jennifer abraçando ele. — Temos muito que conversar.
Então Rafael coloca a mão sobre o ombro de Jennifer e diz:
— Eu não quero estragar esse momento, mas você tem algum lugar onde possamos repousar.
— Sim. — responde ela.
— Na verdade não é para nós, mas sim para esse aí. Ele sofreu horrores e precisa repousar urgentemente.
— Como assim?! — pergunta espantada. — O que houve?
— Ele lhe conta depois. Mas é necessário que ele repouse o mais rápido possível.
— Tudo bem então. Me sigam.
Eles saem andando e após alguns metros de caminhada Raguel pergunta:
— Mas esse lugar não é perigoso?
— Não mais. Quem mandava aqui foi, digamos, deposto. — responde Jennifer.
— Hummm. Você poderia nos explicar uma coisa?
— Com todo o prazer. — responde Jennifer.
— O que significa esses territórios?
— É uma longa história, mas vamos lá. Após o colapso da cidade e seu posterior bombardeio várias pessoas que foram retiradas das suas casas, ou que saíram por espontânea vontade retornaram. É de conhecimento de todos aqui da comunidade de refugiados árabes, africanos entre outros, certo? — todos fazem sinal que sim e ela continua, — Então, o que aconteceu foi que após a poeira sentar e o fogo que ardia apagou, eles retornaram pra cá e resolveram criar seus próprios territórios. Vocês provavelmente devem ter cruzado algum ou alguns territórios para chegarem aqui.
— Na verdade cruzamos um. — comenta Miguel. — Viemos pela Avenida Farrapos.
— Vocês cruzaram o território dos Africanos. Eles são bem hostis. É um milagre estarem vivos.
— Um milagre mesmo. — fala Rafael. — Porque fomos atacados logo que chegamos e antes de sairmos.
— Aqui também era bastante complicado antes. — fala Jennifer. — Mas agora está mais tranqüilo. Onde caminhamos agora era território dos árabes e em breve pertencerá a outros. Não tão radicais quanto eles. Posso lhes garantir isso. Um pouco de paz é sempre bom.
— Com certeza. — concorda Gabriel. — Mas como você sabe tantas coisas?
— Digamos que eu caminhe bastante. — responde. — Já percorri todos os cinco territórios. Conheço muito bem cada canto daqui.
— Bem típico de você. — fala Miguel. — Sempre caminhou por toda a vizinhança que morou para conhecer cada pedacinho do lugar e quem eram as pessoas que residiam nela.
— Sempre me ajudou.
Após uma longa caminhada eles chegam a um conjunto de pequenos prédios e barracos. Ao adentrarem pela rua, Jennifer é cumprimentada por todas as pessoas. Muitas fazem reverências para ela. Todos acham estranho o comportamento das pessoas, mas percebem que ela não se incomoda com isso. Muito pelo contrário, parece ficar feliz com esse comportamento das pessoas nas ruas. Então eles chegam há um prédio que fica bem no centro desse conjunto e duas pessoas vestidas de branco a recepcionam. Eles entram e após caminharem por um longo corredor chegam a uma enorme sala toda decorada com quadros, pinturas nas paredes e o chão é coberto por um grande tapete bastante espesso e de cor vermelha. No ambiente há sofás, mesas, várias estantes com livros e uma adega cheia de bebidas.
— Chegamos. — fala ela. — Vou pedir que tragam comida. Com licença.
Ela sai e após alguns segundos Rafael comenta:
— Vocês entenderam alguma coisa? Ela parece ser uma pessoa poderosa aqui. E as pessoas olham para ela não apenas com respeito, mas com um olhar de admiração, gratidão. O que será que tá rolando?
— Não sendo nada ruim, pra mim é o de menos. — coloca Miguel. — E nada vai tirar a alegria que estou sentindo hoje.
Raguel tira o filhote da mochila e o larga carinhosamente no chão.
E nisso, chegam quatro mulheres trazendo panelas, pratos e talheres. Elas colocam sobre uma das mesas e abrem a tampa das panelas. O cheiro de carne assada com batatas toma conta do ambiente. Então Jennifer adentra a sala e diz:
— Podem sentar a mesa e se servirem. Tem carne de capivara assada com batatas, arroz e feijão preto.
— Isso é um banquete para nós que nos acostumamos a comer carne enlatada. — fala Raguel sentando a mesa.
— Mas a Raguel faz milagres na cozinha. — comenta Gabriel.
— Isso é verdade. — concorda Miguel.
— Capaz. Apenas me esforço.
Jennifer sorri e pergunta:
— E o que querem para beber? Vinho, cerveja, refrigerante ou suco?
Gabriel prontamente responde:
— Cerveja!
— Eu quero vinho. — responde Rafael.
— Pra mim refrigerante. — responde Raguel.
— E pra você, amor? — pergunta Jennifer.
— Suco. — responde Miguel. — Estou tomando antibióticos e é bom não misturar.
Então Jennifer olha para as mulheres que trouxeram a comida e diz:
— Providenciem o que eles pediram, por favor.
Todos sentam a mesa e começam a se servir enquanto as mulheres servem a eles suas respectivas bebidas. As mulheres se retiram e eles começam a conversar e Miguel resumidamente conta toda a sua trajetória até encontrar Rafael e Gabriel. Raguel conta um pouco da sua vida, o que fazia antes do mundo virar de cabeça para baixo e como foi seu encontro com Miguel e o que passaram no shopping. Jennifer então se intera do porque perguntaram se havia um local que Miguel pudesse repousar. E ela se indigna a cada palavra dita do que foi feito com Miguel por aqueles membros da seita religiosa e chorando pede desculpas a ele por não ter estado ao seu lado num momento como aquele. Miguel a abraça e diz que já passou e que agora quer apenas esquecer o que aconteceu e aproveitar o presente e o que vier pela frente e viver feliz ao lado dela. Então mudam de assunto e passam a conversar frivolidades e coisas do passado.
As horas passam e eles nem percebem quanto tempo permaneceram conversando, dando risadas e bebendo. Gabriel e Rafael já estão bêbados e passam a falar coisas que não fazem o menor sentido. Então Jennifer pede que duas mulheres levem os dois para os aposentos e que depois levem toalhas limpas para eles. Raguel comenta que também está cansada e que gostaria de descansar, então Jennifer pede que a levem também e a acomodem no melhor quarto. Raguel pega o filhote e o leva junto. Ficam a mesa apenas Miguel e Jennifer.
— Não quer descansar também? — pergunta ela.
— Eu quero. — responde. — Acho que vou explodir de tanto que comi.
— Vou aproveitar para pedir que limpem seu ferimento e façam um novo curativo.
— Obrigado. — agradece ele.
Eles então trocam um longo beijo e seguem para o quarto. O quarto possui uma grande cama, roupeiros e enormes janelas de ferro que no momento se encontram fechadas. Miguel toma um demorado banho e quando sai um homem cuida de seus ferimentos e faz curativos onde acha necessário. E enquanto ele recebia cuidados, Jennifer aproveitou para se ausentar e também tomar um banho. O homem se retira e Miguel exausto deita-se na cama. Jennifer sai do banho usando uma camisola na cor rosa com detalhes em renda e deita-se ao lado dele sem pronunciar uma única palavra.
Ele então a abraça e diz:
— Como eu senti falta desse seu perfume, do toque da sua pele na minha, do som da sua voz. Da maneira que sua pele se arrepia toda às vezes que eu acaricio suas coxas.
— Eu também senti falta disso. Cada segundo que vivi longe de você senti muito a sua falta. Foi como se eu tivesse vivido anos longe de você. E não vou te deixar escapar de novo.
— Eu teria feito qualquer coisa para estar ao seu lado se soubesse que você estava viva. Daria a volta ao mundo só para te encontrar. Eu te amo muito.
— Eu também te amo. Nunca deixei de te amar. Nas noites chuvosas eu lembrava da gente comendo bolinhos de chuva e isso me matava por dentro. Eu queria você ao meu lado a cada segundo, cada minuto, cada hora, cada dia, o tempo todo.
— Eu nunca encontrei alguém como você, que fizesse meus olhos queimarem por você como agora estão. Eu faria qualquer coisa, eu imploraria, eu roubaria, eu morreria só para ter você em meus braços hoje à noite.
Ela então se aproxima do ouvido dele e sussurra:
— Para que esperar até hoje à noite se você pode me ter em seus braços agora... Eu desejo você como as rosas desejam a chuva, como o masoquista precisa da dor.
— Eu sonhava em poder te segurar e dizer que tudo ficaria bem. Mas agora eu só quero amar você, te agradar a cada segundo e dizer que nunca mais te deixarei. Ficarei ao teu lado até o fim dos tempos.
Jennifer então senta sobre as coxas de Miguel e com sua doce voz diz:
— Lembra quando olhamos para a lua e fizemos uma promessa? — Miguel faz sinal que sim, ­— Prometemos que jamais nos separaríamos. Essas foram as nossas palavras, e pareciam músicas quando as dizíamos. Elas nos mantinham firmes e fortes contra qualquer tempestade. Não importava pelo que passássemos, nós permanecíamos em pé.
Miguel sobe a mão sobre as coxas dela e carinhosamente as aperta e sorrindo profere três palavras:
— Eu te amo...
Ela então se deita sobre ele e o beija intensamente, passando a mão sobre sua rala barba. Ele a segura pela cintura e gira seu corpo ficando sobre o dela e começa a beijar levemente o pescoço dela e a acariciar seus cabelos. Ela então puxa o lençol sobre eles e os cobre completamente. Algumas horas depois suas roupas estão espalhadas pelo chão e o quarto cheira a perfume de rosas e balsamo. E Miguel e Jennifer dormem abraçados.
A lua já tomou conta do céu e pelas ruas alguns homens mantêm vigia cuidando de cada movimento suspeito. E nas partes mais altas, homens armados e de binóculos cuidam da movimentação externa.

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